sexta-feira, 9 de abril de 2010

Carta tres

Rio de Janeiro, 30 de agosto de 1943

Minha vida,

tu não sabes como temi que tua resposta nunca chegasse a mim. Como senti medo que uma carta tua não viesse, e que então fosse tarde demais para que pudéssemos voltar a nos encontrar. Clara, meu amor, a cada nascer de sol eu procuro teu sorriso, tento achar o teu perfume entre as flores, mas agora já não tenho mais forças, então resta-me apenas esperar que venhas, estarei lhe esperando meu anjo, tenha certeza de que nunca deixarei de esperar, mesmo que eu estivesse morto. Preciso de teu beijo, minha doce. Sentir tua pele macia junto a minha. Ah, meu amor, não consigo esconder minha emoção, tenho as mãos tremendo nesse instante e muitas lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Não diga que és egoísta, sei que não partiu por mal, e sim por necessidade. Eu poderia te-la acompanhado, mas fui um tolo, em pensar que longe de ti eu poderia viver. Vejo que minha vida longe da tua não acontece, que eu morreria se tua carta não tivesse ao meus braços chegado, e se eu não fosse tão covarde, tudo teria sido tarde demais. Agradeço pela tua resposta. Tuas palavras de amor, elas me caíram como gotas de chuva, leves e aconchegantes. Careço de ti Clara, agora e sempre, eternamente. Promete-me uma única coisa minha vida? Nunca mais partir? E se fores, deixa que a acompanhe? Por favor, permite que eu fique ao teu lado para sempre, cuide de ti minha bela. Aguardo teu regresso. de saber de tua volta sinto-me completo e disposto. Meu coração bate com força e tenho alegria para continuar vivendo. Estarei esperando na porta da estação de trem. Amo-te alem da minha vida, por ti faria o impossível. Boa viagem.

Com amor,

Augusto Borges.

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