terça-feira, 23 de novembro de 2010

Voltar

Quando voltou, as fotografias não estavam mais lá. Nas prateleiras do corredor, pó e panos velhos.

Tarde demais, achou. Havia partido. Ela sempre esquecera das pessoas importantes, e agora estava ali, lamentando a dor da qual sempre fugiu, pela falta de coragem, para enfrentar a vida. Tinha medo de dar errado, mas esquecia que tudo é somente pretexto para refazer.

Por não entender, acabou por esquecê-la. Abandonou quem esteve cuidando dela todos os dias, quem a levantaria caso fracassasse.

Diante da verdade, não pôde conter. Simples vieram e assim foram. O passado era, um ponto final.

Esqueceu-se do que esquecera e do sofrimento. Andou até o quarto onde dormia. O primeiro a direita. Gostava de rabiscar a paisagem e os detalhes. As lembranças de brincar voltaram, quando uma mão tocou seu ombro. Fria, mas também real.

Virou-se. Mal acabara de sorrir, desapareceu. Arrependeu-se do tempo. Sentiu mais saudades. Um último contato foi possível. Da janela, um estalar de beijo. Mirou com rapidez, e viu seu corpo entregue partindo.

(algum dia de novembro)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Divagações

O que se pode esperar de um corpo morto?

(09/11/2010)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Devaneio

Tu, fostes.

Mas voltas, como todo vento regressa. Eu fiquei.
Aguardando sempre. A mão junto ao peito, olhos marejados, e uma certeza.

Sei que vais retornar.

De mim, flores, para quando voltares.

(03/11/2010)

Retorno

Meu jardim

Tens a seda das flores
A beleza das rosas brancas
Tens meus beijos em teus lábios
Meu corpo colado ao teu.

Meu jardim só tu soubeste ser
Sempre magnífico e exuberante
Somente tu soubeste sobreviver
E tão somente de ti careço agora.

Foi de ti que me lembrei
Corri para cuidar e mimar
E tu cresceste formoso e forte
Um imenso jardim tu és.

Hoje tens todas as flores
As mais belas cores
És grandiosa vida incessante
Lindo jardim por mim cultivado.

(Para Marcelo - 03/11/2010)