Quando voltou, as fotografias não estavam mais lá. Nas prateleiras do corredor, pó e panos velhos.
Tarde demais, achou. Havia partido. Ela sempre esquecera das pessoas importantes, e agora estava ali, lamentando a dor da qual sempre fugiu, pela falta de coragem, para enfrentar a vida. Tinha medo de dar errado, mas esquecia que tudo é somente pretexto para refazer.
Por não entender, acabou por esquecê-la. Abandonou quem esteve cuidando dela todos os dias, quem a levantaria caso fracassasse.
Diante da verdade, não pôde conter. Simples vieram e assim foram. O passado era, um ponto final.
Esqueceu-se do que esquecera e do sofrimento. Andou até o quarto onde dormia. O primeiro a direita. Gostava de rabiscar a paisagem e os detalhes. As lembranças de brincar voltaram, quando uma mão tocou seu ombro. Fria, mas também real.
Virou-se. Mal acabara de sorrir, desapareceu. Arrependeu-se do tempo. Sentiu mais saudades. Um último contato foi possível. Da janela, um estalar de beijo. Mirou com rapidez, e viu seu corpo entregue partindo.
(algum dia de novembro)