segunda-feira, 9 de março de 2015

Auto-filosofia

Eu andei perpetuando algumas coisas
Mas logo fui desfazendo as certezas
Recaindo em dores passadas
Enfrentando leões maiores que eu

Andei repensando a vida
Mudando móveis de lugar
Rearranjando silêncios
Suspirando por lábios rachados

Calejada das quedas
Me propus a sair pelas ruas
Atravessar a rua sozinha
Chegar ao meu ponto final

O sentimento de estar em casa é indescritível
Agora pude entender todas as lições
As palavras que você me dizia
Sobre andar com os próprios pés

Se minhas pernas não me sustentarem
Quem iria?
O ar é demasiado pesado
Mas eu sou leve
Eu sou brisa
E passo pela vida para aprender

Porque quero fazer meu jardim
Regar minhas margaridas
Ver o sol nascer em todos os lugares
Ou se pondo
Deixando a saudade que só alguém feliz pode entender

Acordar com o cheiro de café
Tomar um gole por vez
E saber o que cada um significa
Pensar sobre as xícaras penduradas

Ler o jornal fazendo piada das notícias
Saber qual palavra é mais importante
E onde tem um novo começo

Poder abrir a janela e observar a cidade
Nossa casa, meu lar
Devaneios do trânsito e dos passeios
Pessoas, transeuntes, vizinhos

Laços que criamos sem perceber
Mas quero apenas um nó permanente
Uma única definição
A saber: quem sou?

Minha morada sou eu mesma
Meu bem-estar
Refletir, sentimentos
Compreender o âmago de todas as coisas
Sobretudo, de mim mesma

Por fim, puder olhar a multidão
E encontrar meu eu:
Um emaranhado
Punhado de um pouco de tudo
Sem nenhuma ideia de como seguir a partir daqui