sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Desculpa dizer tudo isso

Eu peço desculpas por dizer tudo isso, você não tem a ver com os meus problemas, sou eu que os causa...mas, se paro e penso; o mundo podia ser diferente para mim! Eu podia enxergar de outra maneira o que há aqui dentro! E será que não seria mais fácil? Não seria mais simples? Menos dolorido?

Você não é a culpada de nada...mesmo porque eu acho que não existe culpado ou culpada nessa história toda. Mas eu só acho que o rumo da vida poderia ter sido modificado, desviado do que é hoje. Se não fossem as escolhas que foram feitas no passado, ou não foram feitas? Fui tudo apenas algo sem pensar? Sem planejar?

Era para ser tão melhor...Ah, e eu sonho com esse melhor às vezes. Isso dói, rasga o peito...como rasga. Acho que já me acostumei a conviver com o que dói, o que assola...mesmo assim eu sigo caminhando, simplesmente andando como se nada demais estivesse acontecendo. Eu torno a minha dor algo natural. Isso me preocupa! Eu me acostumei a sentir dor! Minha dificuldade agora é demonstrar estar ferida...Eu não consigo convencer ninguém de que realmente preciso de ajuda.

Mas, eu te amo. Como te amo, impossível não te amar. Se eu conseguisse não amar quem me pôs no Mundo, quem me carregou no ventre por meses, sentiu as dores. Agradeço por estar aqui, esse foi o maior e melhor presente que já me foi dado. E eu nunca conseguirei agradecer de uma forma a altura, mesmo que eu queira. Só que eu gostaria de dizer que colocar alguém no Mundo não é fácil...precisamos ter disponibilidade para ter cuidado, carinho, amor, respeito. O nosso tempo fica comprometido pelo resto da vida.

Você não fez isso...tudo bem, eu não quero que fique magoada, eu entendo suas razões, eu juro que hoje eu entendo. Eu não sei porque estou escrevendo esse texto que você nunca terá acesso, nunca poderá ler e entender minhas lágrimas, mas eu estou escrevendo, porque eu acredito no poder da escrita, do colocar para fora apenas.

Quero que você saiba, com tudo isso, que eu sinto sua falta. É só isso na verdade. Eu não queria estar aqui agora chorando e escrevendo um texto triste sobre como eu me sinto...Eu só queria poder estar te abraçando, ou perto de você. Gostaria tanto, mais tanto de acordar e ver o seu sorriso. De olhar nos seus olhos e dizer eu te amo, obrigada por tudo. Eu também me culpo por não poder fazer isso.

Eu ainda tenho muitas escolhas a fazer na vida. Quantas delas me deixam com receio...Eu tenho medo de por em risco a felicidade de alguém, que eu ame tanto a ponto de entregar-me completamente. Eu levarei comigo o que passei. O que aprendi durante anos sobre saudade, angústia, solidão. Apesar de sofrer com a sua ausência, eu agradeço todos os dias por ter a sorte de perdoar, compreender e levar comigo uma lição: jamais deixar quem a gente ama de verdade.

Eu te amo, mãe. Eu sempre vou te amar, não importa o quão longe você esteja agora, quantos quilômetros nos separe. Sempre que precisar saiba que estarei de braços apertos para suas necessidades.

Com amor,

Sua filha, Catarina.
(17/09/2010)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desassossego

Eu só queria mais atenção,
mais carinho, mais paixão.
Eu só queria mais amor,
mais afeto, mais calor.

Mas o que tenho é desprezo,
é desassossego, solidão.
O que tenho é ser evitada,
tratada como um senão.

Se reclamo, estou errada,
me ignoram, me abandonam.
Mas sou forte, buscarei abrigo.
Estarei sempre junto contigo.
(15/09/2010)