quarta-feira, 31 de março de 2010

Mundo real

Somos

São todos homens calados. Frios, cabeças baixas e passos rápidos. Andam pelas ruas com destino certo. Parecem se recusar a mudar todos os planos, entrar em uma viela diferente, parar em um lugar estranho.

São todos homens, meu Deus. Mas parecem robôs, duros, artificiais. Todos tem o mesmo movimentar: enquanto um pé caminha, a mão contraria se levanta, fazendo um gesto típico de maquina, programada a fazer sempre a mesma coisa.

Somos todos homens. Sim, pois me incluo nesse montante de pessoas que passam e mal olham para os lados. A vida ultimamente nos rouba a atenção sobre nosso redor. Nos traz uma concentração absurda em problemas. Ela faz necessário sermos falsas pessoas.

Somos seres humanos. Precisamos nos livrar desse mundo que carregamos nos ombros, temos de jogar fora essa aparência irreal que transmitimos, necessitamos agir como pessoas reais. Para isso, precisamos levantar mais a cabeça, observar o que nos cerca e, principalmente, andar sem saber para onde, porque o gostoso da vida são as surpresas. (31/03/2010)

terça-feira, 30 de março de 2010

Calmaria

Nuvens

Nuvens brancas e macias
Fico horas a observar
Sobre a grama do jardim
Onde consigo me acalmar

Nuvens brancas e macias
Varias vezes as olhei
Procurei milhões de formas
Quase sempre nada achei

Nuvens brancas e macias
Dia e noite a passar
Ser gigante eh meu sonho
Para elas alcançar
(19/11/09)

segunda-feira, 29 de março de 2010

A verdade sempre aparece

Ao contrario

Nunca houve guerras
Vivemos sempre de paz
Tudo eh verdade
Nesse mundo ao contrario

Ricos ajudam pobres
Os políticos são legais
Cade a pouca vergonha?
E os horários eleitorais?

Nas ruas não há marginais
Todos passaram a estudar
Crianças tem muitos direitos
O pais agora anda nos eixos

Viva o mundo ao contrario!
Nosso lema eh sonhar
Mas a verdade um dia aparece
E a gente volta a trabalhar
(22/09/09)

domingo, 28 de março de 2010

Quem sou eu?

Muitas duvidas circulam pela minha cabeça. E a vontade de encontrar respostas eh grande. Mas acredito não ser necessária a certeza em nossa vida. Tento entender tudo o que me cerca, quem sou, desvendar os mistérios da vida. Mas o que me faz mesmo seguir em frente não são as resposta que encontro no meio do caminho, e sim as perguntas que surgem a cada nova certeza que me chega aos ouvidos.

Nossas descobertas nos motivam. Aguçam-nos. A partir delas que vamos adiante, que temos força e desejo por mais, que o ser humano eh ambicioso, e quer o que não tem. Ambição tem seu lado ruim, mas, visto pelo que conquistamos ate hoje, não fosse a vontade de ter mais e mais, ainda estaríamos nos perguntando sobre como viemos parar aqui. Tentar entender e provar o que nos bajula a cabeça eh muitíssimo importante, mas não totalmente necessário, ao menos para mim.

A conclusão que tiro quando paro e penso em questões existenciais eh de que respostas são sempre imprecisas, inexistentes. Acredito não existir apenas uma única verdade para todas as coisas, e acho que não temos como provar nada do que falamos. Por isso, vou adiante, motivada pelas perguntas que nunca serão respondidas, pelas respostas que nunca chegarão a um ponto exato e, principalmente, por querer sempre me questionar mais e pensar sobre assuntos absurdos, que me levam cada vez mais longe, a parar e olhar ao meu redor, ver que não existe razão para nada e, ao mesmo tempo, razão para tudo o que esta do meu lado. (27/03/2010)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Brincadeirinha de amor

Sentidos não sentidos

Todos os meus sentidos se confundem
Misturam-se todos, se perdem na imensidão
Perco todos os meus cinco sentidos
Mas ainda me resta um sexto, graças a Deus!

Meus olhos escurecem, se ofuscam
Tem o poder de enxergar encoberto
Levado rapidamente pelo vento
Sentido da visão cegado

A minha boca não sente mais o gosto
Dos beijos com que antes eu me deleitava
Restou-me um seco na garganta, um vazio
Sentido do paladar engolido

Minhas mãos não são mais sensíveis
Pouco percebem o toque dos outros
Parecem estar lisas, mortas e sem vontade
Sentido do tato carregado

Não sinto mais os leves cheiros das flores
De perfumes que me encantavam
O meu nariz foi-me arrancado
Sentido do olfato entupido

Procuro as melodias no ar, onde estão?
Não ouço mais a chuva caindo nas ruas
Já não consigo escutar a sua voz
Sentido da audição surdo

Tento te encontrar, mesmo longe
Nao me surpreendo ao conseguir
Saberei sempre achar seu esconderijo
Pois ainda tenho meu sexto sentido
(Para Marcelo - 25/03/2010)

quarta-feira, 24 de março de 2010

A vida continua, amanha sera melhor

Soa o alarme. Abro os olhos, desejando não precisar acordar. Me viro para ver as horas, ainda são 7h00. Bocejo e lembro não ter nada para fazer. Me cubro novamente, volto a dormir. Fecho meus olhos e logo estou em sono profundo. Não me lembro de meus sonhos, o que eu via era apenas um grande preto diante de meus olhos. Nenhuma voz me chamava, nenhum movimento. Com receio de perder completamente a manha, acordo em sobressalto. Me volto para o relógio, já são 8h30. Resolvo acordar e fazer algo útil. Levanto-me e caminho lentamente ao banheiro. Passo boa parte da manha nele, lavando o rosto e lendo emails. Saio e vou ate a cozinha, me sentindo um pouco enjoada por causa do remédio que venho tomando. Mas mesmo assim, insisto em tomar um café da manha que eu já sabia que não me faria bem. Pouco tempo depois, volto ao meu quarto, ligo meu computador e checo algumas novidades na Internet. Respondo alguns emails, e parto para a minha obrigação: caminhar. Sempre fui meio gordinha, e de um tempo pra cá descobri que isso afetou o funcionamento do meu corpo, preciso emagrecer para tentar me curar, apesar da doença ser, vamos dizer, cronica. Quando são 9h20 saio pela porta dos fundos. Com preguiça, dessa vez não vou pelas escadas, acabo chamando o elevador de serviço. O trajeto ate o Térreo não leva mais que um minuto, mas eu fico agoniada, elevadores me dão uma grande sensação de prisão. Chego aliviada e saio em direção ao parque onde tenho caminhado três vezes por semana. Muito sol, isso já me desanima. Não me sinto nada bem debaixo de tanta luz. Minha cabeça dói, mas eu continuo a ir em frente. Depois de, mais ou menos, quinze minutos chego. Já me senti bem dentro daquele lugar, mas ultimamente venho não gostando de la. O parque esta mal cuidado, muitas pessoas que ficam por la apenas para ler, relaxar e caminhar, como eu. Eu apenas escolhi ele por ter bastantes árvores, o que impede a passagem da luz solar, não me fazendo ficar com dor de cabeça. Dou apenas duas, ou três voltas, e começo a sentir o mal estar proveniente do meu remédio. Junta-se a dor de cabeça, e eu decido voltar para casa. Não me preocupei em olhar para o relógio, adquiri o modo de vida: "viva sem relógio e aproveite o momento". Não sei se funciona, mas tento me acostumar e venho tendo sucesso, me vejo menos dependente das horas. As 10h00 chego em casa e me preparo para tomar banho. A vida continua, amanha, talvez eu caminhe outra vez, com a expectativa de que o dia seja melhor. (24/03/2010)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Medos

Eu tenho medo, eu tenho medo, eu tenho medo!
Por favor, não me deixe sozinha

Eu tenho medo, eu tenho medo, eu tenho medo!
De acordar de um pesadelo e não ter ninguém

Eu tenho medo, eu tenho medo, eu tenho medo!
Dos sonhos ruins que estão em minha cabeça

Eu tenho medo, eu tenho medo, eu tenho medo!
Do escuro do meu quarto de noite

Eu tenho medo, eu tenho medo, eu tenho medo!
Da janela aberta que venta em meu corpo

Eu tenho medo, eu tenho medo, eu tenho medo!
Do que vira quando eu fechar meus olhos

Eu tenho medo, eu tenho medo, eu tenho medo!
Meu amor, meu maior medo eh de te perder.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Para um amor

Meu amor,

um novo dia começou pouco tempo. Você partiu não tem muito. Mas eu ainda percebo resquícios do dia anterior, de você dentro de mim.

Tudo demora pouco para acabar, desfazer. O tempo corre levando as coisas boas de nos...será que devemos ir busca-las?

Eu não hesitaria em sair daqui. Pois tenho dentro de mim algo que vento algum, seja ele forte ou fraco, ou ate mesmo tempestade, consegue carregar.

Cada gota de agua que cair sobre esse meu corpo servira somente para alimentar o que aqui habita.

Carrego comigo coisa valiosa, incessante, grandiosa. Levo em meu peito, meu amor, um bem querer enorme por você. (20/03/2010)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Resposta uma

Manaus, 30 de agosto de 1943

Meu amado,

desculpa-me responder apenas agora. Tua carta demorou para alcançar-me aqui nessa imensidão. Morro por dentro apenas de pensar que pode ser tarde demais. Estou completamente arrasada e sinto-me culpada pelas tristes palavras que li. Perdi-me de ti no tempo e no espaço e agora acredito que estou perdendo-te para sempre apenas por causa do minha vaidade e egoísmo. Augusto, minhas noites sozinha trazem-me arrependimentos que eu não queria confessar-te, mas tua carta me trouxe uma negra chuva de remorso aos olhos. Preciso dizer-te que eu te amo com cada partícula do meu ser, da minh'alma. Não me deixes sozinha neste mundo de dores e escuridão. Perdoa meu vão egoísmo de tê-lo deixado para trás. Aguarda minha volta para que eu possa ajoelhar-me aos teus pés e implorar pelo teu amor. Com a real certeza que irei perdê-lo para sempre, meus olhos se abriram em desespero e precisarei partir imediatamente ao teu encontro. Espero não ser tarde demais para nosso amor, por isto envio a carta, para que ela corra e grite aos teus ouvidos que meu retorno é breve. Que tu ouças meus apelos te contando que sou completamente tua de corpo e alma. Que morrerei sem ti neste mundo, mesmo que meu corpo fique, meu coração terá parado junto com o teu. Nunca conseguirei perdoar-me por tê-lo deixado sozinho, a mercê dos cães da vida. Minha covardia seria tua carrasca, então, e meu adeus terá sido tua sentença. Não viverei um só dia sem chorar. Por favor, concede-me mais esse capricho egoísta que te imploro, aguarda-me. Estou certa que meus beijos e abraços te lembrarão do brilho do Sol e que nunca mais te deixarei sozinho, assim não precisarás mais partir desse mundo que tanto te maltratou. Cuidarei das tuas feridas e dar-te-ei meu sangue se necessário for, para que vivas para sempre. Imploro a todos os deuses que está carta chegue a ti a tempo de evitar o fim. Amo-te mais que minha própria vida, meu Augusto. Aguarda-me.
Tua amada, Clara.

(Por Marcelo Lima)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Velhos tempos

Tempos de criança

Em que se brincava
Em que se corria
Éramos felizes
Ainda crianças

Papai e mamãe por perto
Sonhos impossíveis
E a gente não desistia
Tínhamos sempre esperança

Tempos que passaram
Tanta coisa mudada
Horas perdidas
Felicidade roubada

Restaram as lembranças
Memorias de infância
Tempos de criança
Que não voltam mais

Quando me recordo
Lágrimas caem
Sorriso nasce
Saudade me invade
(19/10/09)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Carta duas

Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1943

Minha amada,

deixo-lhe esta carta para que lembres de mim para sempre. Peço perdão se não soube esperar pela tua volta, meu amor. Mas eu já não encontrava mais sentido em meus dias, em minha vida, sem tua presença. A tua ausência aos poucos foi me roubando as forças. Rapidamente, eu estava fraco, vulnerável. Hoje, mais do que nunca, percebo que sem ti, minha vida, nada sou, apenas um mero homem doente em cima de uma cama prestes a morrer. Levarei comigo teu sorriso, e deixarei a ti a lembrança dos bons momentos que juntos passamos. Não quero que chores ao ler esta carta, lembra-te que onde quer que eu esteja por ti olharei. Se parti foi por escolha minha. Tarde demais para se arrepender, já tenho certeza do que quero. Uma vida tranquila, sem feridas. Deixo-te também todo meu amor, foste a única mulher que amei em toda minha vida, sempre serás. Levo algumas lágrimas nos olhos, pois não queria deixar-te, mas sei que fiz o melhor, e sei também que me entenderas. Amo-te por completo, minha vida. Fique bem, meu amor. Meu ultimo beijo eh teu.

Adeus,

Augusto Borges.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Tem alguem ai?

Eu, outro eu

Meu outro eu, melhor do que eu
Eu sou eu, ele, meu outro eu
Sou assim como eu
Ele, assim, como se diz? Outro eu

Temos coisas em comum
O mesmo corpo, aparência
Mas não dividimos nossas cabeças
Somos separados pelo pensar

Meu outro eu sou eu,
em certos momentos.
Nos unimos em um eu,
passamos a ser um.

Dentro de mim, dois
Um eu e um outro eu
Duas pessoas diferentes
Eu, outro eu
(03/03/2010)

terça-feira, 9 de março de 2010

Carta uma

Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1943

A vocês,

escrevo-lhes esta carta pois temo o fim. Não desse mundo infinito, mas sim do que há por trás de meu peito. Há tanto, venho guardando milhares de pedaços de vidros, sem mostrar-lhes as feridas que suportei por seus cortes. Mas hoje, tenho medo, por isso, decidi escrever-lhes. Contar-lhes através de palavras, as minhas, o que sempre esteve escondido. Dentro de mim há mais vida que na Terra, mais mistério que em qualquer pessoa. Existe, aqui, uma parte clara, viva, colorida e, ao mesmo tempo, a sombra, lado lúgubre, muito escuro. Este vem crescendo com insigne rapidez, escurecendo toda parte encantadora restante. E, por isso, receio o fim. Meu fim, minha morte. Esse lado triste, eh resultado de muitas feridas, eh meu corpo adaptando-se a dor que me assola. Tantas foram as vezes que cacos de vidro me rasgaram, me perfuraram, que com o correr do tempo eu não sentia mais dores, via apenas as marcas. E tarde demais, percebi um mundo negro e ruim, ele havia formado-se aqui mesmo, dentro de mim. Resta-me tentar clareá-lo, talvez dizendo o que guardei a vida inteira. Digo-vos então que abro as portas de mim a vocês, a partir de hoje, transparecerei. Deixarei óbvio aquilo que sinto e que realmente penso. Como se eu morresse, renascerei, quero que minhas cinzas sejam jogadas ao mar e que misturem-se. Toda vez que as ondas vierem a costa, voltarei para um suspiro, e logo retornarei ao oceano. Tenho medo de morrer, mas vejo que eh necessário. Não enxergo meio mais confiável a alguém que queira mudar. Por mais que tentemos, nunca deixamos de ser nos mesmos, pois, no âmbito mais profundo de nossa alma, sabemos o que somos de verdade. Eh justamente isso que me aflige. Fosse outrora, eu conseguiria me reconhecer ao olhar-me. Mas desespero-me, hoje, quando vejo apenas a escuridão invadindo-me profundamente. Gostaria que ventos soprassem meus cabelos agora, que levassem todo meu medo, minha escuridão, que refizessem-me, trouxessem de volta quem sou. Mesmo temendo o fim, não fugirei dele, ao contrario, seguirei a seu encontro. No final, cerrarei meus olhos e, quando for a hora, irei abri-los novamente, terei, enfim, diante de mim, a luz com que sempre sonhei.

Adeus,

Augusto Borges.

domingo, 7 de março de 2010

Menina faz poema (tentando ser criancinha)

Amarelo sol

Amarelo como o
sol, o amarelo vem radiar,
e como eh bom
me iluminar.

O meu desenho eh amarelo,
e eu o quero mais.
Ele tem cor de girassol,
tem a cor do meu amor.
(06/03/2010)

sexta-feira, 5 de março de 2010

Criancinha faz poema

O verde agua

Verde como a
agua, o verde agua
vem brilhar
e como eh bom amar

O meu cavalo eh verde agua
e eu o amo mais,
ele tem a cor da agua,
tem a cor do mar
(algum dia da minha vida)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Evapora, minha doce!

Evaporar

Se os pingos que caem evaporarem
Meu Deus, que horror...que solidão!
Quanto desperdício, que falta eu sentirei
Restara esperar pelos outros que virão

Belas gotas que evaporam
Sobem aos céus, escondem-se
Apaixonam-se pelas nuvens
Deixam-me aqui

Pela janela fico a olhar
Querendo toca-las, reter-las
Minhas mãos encontram-se com o vidro
Escorrem, como se fossem pingos

Acompanho o cair que eles tem
Como me consomem, meu Deus!
Não os deixe evaporar, por favor, não!
Preciso deles para aquecer meu peito, senhor.
(02/03/2010)


terça-feira, 2 de março de 2010

Um e o outro, o outro e um

O tempo e a saudade, a saudade e o tempo

Agora, chove la fora
Tempestua aqui dentro
No meu peito vazio
Chuva gelada, torrencial

O tempo passa
Mas, para mim, parou
Se vai com lentidão
fora o tempo lépido

Junto disso, tenho saudade
Falta grande eu sinto
De coisas que tive
Mas que demoram a voltar

Talvez, ela pare o tempo
Deixe-o lento, parado, demorado
Seja a culpada pela minha dor
Motivo de meu peito vazio

Quando o tempo acordar
Ver que preciso dele depressa
Tudo se movimentara com rapidez
Acordarei e terei você em minha cama
(01/03/2010)