sábado, 6 de fevereiro de 2010

Resposta a uma amiga, grande pessoa

Heloisa diz:

Catarina

Ela tinha os olhos mais vivos que já vi...sempre curiosos, famintos de ler, acompanhados de ouvidos sempre atentos aos bons sons, tão poucas pessoas com esse dom. Levava sempre consigo não só a alegria, mas também uma caneta cheissima de inspiração. Lembro-me bem de que nunca libertava os caracóis de seus cabelos...Achava-os feios, e aprisionava-os com indiferença. Gostava eu de suas manias ao andar pelas ruas de São Paulo: roer as unhas, olhos baixos, cruzar e descruzar os dedos, morder os lábios inferiores.

Sua risada, doce som. A alegria reestabelecida a qualquer funeral, inicio de qualquer festa. Por outro lado, suas lágrimas, sinonimo de mau tempo,porem, de belos poemas. De quando em quando, sentia-se abandonada, sem ninguém no mundo. Encontrava eu, então, em seu anfiteatro com meu papel coadjuvante: como, abandonada? Tinha a mim. Sua irmã, separa apenas pelo levíssimo impecilio do sangue, tão meramente social. Ela sorria aquele seu enorme sorriso de contentamento e satisfação, de mostrar todos os dentes, e me olhava com aqueles olhos de criança curiosa. Dizia: Eu não te amo.


Catarina diz:

Lembro-me dela

Lembro-me bem de seu rosto. De suas feições, seus contornos. Eram suaves, tão perfeitos. Tinha os olhos escuros, os cabelos encaracolados de cor de chocolate. Levava-os sempre soltos, afim de vê-los brincarem com o vento ao encontra-los. Tinha um belo sorriso. Verdadeiro. Luminoso, encantava a todos que tinham a felicidade de ver aquela beleza toda. Era realmente uma menina linda, de uma beleza desigual.

Ah, mas não era apenas algo físico. Tinha mais formosura nela. Era dona de um coração enorme. Nele, todos cabiam. Estava sempre disposta a acolher os abandonados, como eu. Nunca os deixava sozinhos. Tinha alma protetora, levava consigo um espírito humanitário. Abraçava a tristeza do próximo e a transformava em felicidade, com sua capacidade de fazer os outros sorrirem.

Tinha um dom especial, o de desenhar. Eram sempre realistas, pareciam belas fotografias. Enquanto os criava, via-se seus olhos brilharem, quase lágrimas formavam-se e começavam a escorrer. Era possível perceber sua paixão. Sua verdadeira vocação.

Dentre as tantas pessoas que entraram em minha vida, teve sempre um papel importantíssimo. Amiga. Sempre ao meu lado, fosse um momento feliz, fosse um momento triste. Lembro-me de suas palavras sabias para me acalmar. Lembro-me dela com carinho, guardo-a dentro do peito, para jamais esquece-la.

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