quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Que seja infinito enquanto dure

Inverno

Corta a pele o vento gelado
A neve fria cai sobre o corpo quente
Esfria, resfria, congela, arrepia
E nos deixa mais próximos, juntos

A neblina ofusca a vista
Embaça o vidro da janela
Esconde a beleza da paisagem
O gelo seco, branco, que caiu a noite

As flores ficam encobertas
Perdem sua cor, seu brilho
Guardam outro encanto
Doce perfume, que exalam com graça

Flocos gelados apaixonam-se
Engraçam-se por seu cheiro
Caem sobre elas e suspiram
Adormecem, desejam nunca mais acordar

Quando o molhado esvai-se, desfaz-se
As flores choram, derramam suas lágrimas
Dizem adeus a seus amores
Mas nunca esquecem-se de seu calor

Quando acordo, estou abraçada
Em seu corpo quente, terno
Somos como flor e neve no inverno
Inseparáveis, inesquecíveis, um do outro, um só
(15/02/2010)

Um comentário:

  1. Mergulhar em atmosfera tão gelada bem no meio do verão escaldante do sul do equador é exercício de liberdade somente facultado aos mais doutos dos poetas... E aqui estás de novo, linda criança, a querer zanzar pelo mundo dos adultos...Sempre uma grata surpresa, diga-se de passagem!

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