segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Um desespero toma conta de mim

Agoniada

Sentada naquela pequena sala, em um ambiente nada familiar, permaneceu durante horas. No começo fora difícil, depois se acostumara a esperar. Estava começando a desenvolver um dom, a paciência. Era impressionante como era paciente. Não se cansava, não se irritava e pouco se importava em ter de esperar por tanto tempo. Gostava ate, talvez pudesse, naquele breve, ou nem tanto, momento, pensar em outras coisas.

Enquanto esperava, se intrigava com questões reflexivas. Era o que sempre fazia nesses momentos totalmente introspectivos, onde ela nem se quer podia conversar. Mesmo que pudesse, todos eram estranhos, nunca os tinha visto, mas os achava ate que simpáticos.

As perguntas que perambulavam por sua cabeça eram meio esquisitas, um pouco diferente das que casualmente vinham a tona. Essas eram um pouco menos complexas, devia ser o cansaço. Já nessa parte do dia, não aguentava mais ficar ali sentada, vendo o tempo passar. Perdera totalmente a paciência que havia adquirido e aprendido a ter perante situação como aquela. Ela se sentia em uma prisão, não gostava daquela sensação. Os minutos pareciam meses, pelo fato de não poder utilizar relógio, eles haviam sido banidos. Isso era uma grande tortura, pois se baseava nas horas.

Agora, tudo o que tinha a fazer era se distrair com outra coisa que não o tempo. Começou a ler tudo o que havia em volta. Em pouco tempo se cansou. Lera mais de mil vezes as mesmas palavras cansativas. Então começou a pensar. Mas isso a perturbava, não estava consciente o bastante para isso. Voltou então a tirar o esmalte das unhas. Isso parecia ser interessante, menos pelo fato de ser muito demorado e trabalhoso. Resolveu que iria pintar as partes em branco do caderno. Pintou, pintou, pintou. A agonia lhe sufocava cada vez mais agora. Tentava relaxar, mas todo o seu corpo já doía. Estava completamente estraçalhada. Já era desesperador permanecer naquela sala sentada por mais alguns instantes. Era toda branca, as cadeiras todas iguais, enfileiradas e muitas pessoas quase mortas sentadas umas atrás das outras. Tinha vontade de sair correndo, iria dali direto para o hospital.

Começou a pensar sobre as coisas que mais gostava, e tentou fazer então uma viagem. Quase fechou os olhos, mas não tivera tempo. Assim que imaginou estar perto daquilo que mais gostaria de ter junto dela, foi avisada de que poderia se retirar. Saiu as pressas, mas ainda levava consigo o desejo de viajar, de fechar os olhos. (6/12/09)

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