segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Por qual deles optar?

Necessidade

Uma janela a sua frente. Luzes apagadas. Ela se debruça, afim de tentar observar as pessoas que passavam na rua. Já era quase noite, pouca iluminação. Uma brisa fria começava a entrar, antes, passava pelo seu corpo. Nesse dia ela não havia feito absolutamente nada. Decidira que se trancaria em casa e ficaria la todo o tempo. Revezava entre ler, dormir, comer e assistir filmes. Tinha um imenso prazer em fazer isso. Com os livros, podia viajar para muito longe. Dormindo, poderia sonhar com todas as coisas que desejava. Comendo, saciava as vontades. E assistindo filmes, poderia colocar para fora choros guardados há anos. E os fez. Se sentiu aliviada, completamente. Mas mesmo com tudo aquilo sentia falta de alguma coisa. E ela já não sabia mais o que era. Mas buscava essa resposta, por isso olhava pela janela e observava o mundo la fora. E mesmo que o que necessitasse encontrar estivesse somente dentro dela, tentava primeiramente enxergar o mundo com outros olhos. Estava farta de ser a mesma pessoa de antigamente. Achava que deveria mudar, seria o melhor caminho. Se faria outra pessoa, para depois descobrir quem fora a antiga. Voltando para a janela, ela começara a ter a vista embaçada pela noite que escurecia o céu lentamente. Por um segundo sentiu uma necessidade enorme. Incontrolável.

PRIMEIRO FINAL: A necessidade que sentia de se jogar por aquele espaço a sua frente era gigantesca. E por mais que tentasse, havia algo que a impedia. Tentou, e por vezes, falhou. Pensou que era muita fraqueza se arremessar assim, apenas por querer se livrar daquele sentimento horrível. Sentimento que ardia, e que queimava seu peito. Mas não conseguia enxergar outra alternativa, senão, essa para conseguir entender o que lhe fazia tanta falta. O que lhe dava a sensação de vazio. Voltou mais uma vez a janela, essa foi a ultima, olhou por inúmeros minutos, em sua cabeça a cena de seu corpo estirado no chão. Não suportaria. Ficar presa dentro daquele apartamento a sufocava. Agora, queria sair. Talvez isso lhe trouxesse alguma resposta. Mas em vão, quando voltou, o mesmo abismo a habitava. A janela, onde nunca mais estivera perto, ainda lhe dava a mesma vontade. Algo tão inexplicável não seria o bastante para que ela se entregasse assim. Era apenas um vazio. Mesmo que doesse, ela era mais forte. Decidiu superar o medo, e voltou a janela. Entendeu que deveria esperar, o tempo lhe traria a resposta, esperaria o quanto fosse. (29/11/09)

SEGUNDO FINAL: Voou por alguns minutos. Os mais intensos de sua vida. Abriu os braços e teve a maior sensação de liberdade do mundo. Relembrou todos os momentos felizes. E fechou os olhos fortemente, para imaginar que seria assim para sempre. Algumas lágrimas escorreram. Mas ela não ousou abri-los. E pouco depois chegou ao fim. O voo havia terminado. Já deitada, como suas ultimas palavras deixou “Para que eu me refizesse, foi necessário morrer”. (29/11/09)

2 comentários:

  1. agora sim. nada mais assustador que a angustia da espera.

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  2. Sabe.. Eu gosto de vir aqui! :-D
    Tem muitas coisas que eu leio e que é como se eu mesma tivesse escrito. [ísso foi uma tentativa de elogio!] Ultimamente tenho umas idéias de textos na cabeça que se parecem com esse... Mas depois eu falo disso...
    Bom... Queria dizer que eu escolho o 2.
    E também queria te deixar um "presentinho": [UM DOS MEUS POEMAS PREFERIDOS E QUE ME EMOCIONA TODA VEZ QUE LEIO - TOMARA QUE VOCÊ GOSTE - ou que já conheça!!!]

    Quando Ismália enlouqueceu
    Pôs-se na torre a sonhar
    Viu uma lua no céu,
    Viu outra lua no mar.

    No sonho em que se perdeu,
    Banhou-se toda em luar...
    Queria subir ao céu,
    Queria descer ao mar...

    E, no desvario seu,
    Na torre pôs-se a cantar...
    Estava perto do céu,
    Estava longe do mar...

    E como um anjo pendeu
    As asas para voar...
    Queria a lua do céu,
    Queria a lua do mar...

    As asas que Deus lhe deu
    Ruflaram de par em par...
    Sua alma subiu ao céu,
    Seu corpo desceu ao mar...

    .Alphonsus de Guimarães.

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