terça-feira, 24 de novembro de 2009

Em poucas linhas, o meu maior segredo

Observar

Pela janela, fico a observar. Vejo milhares de pessoas todos os minutos. Elas passam e não me vêem. Observo cada detalhe. Desde o sapato, ate o cabelo. Procuro tentar, magicamente, saber o que pensam. Eu desejo, eu necessito saber. Tenho vontade de conhecer quem são. De onde vem. Para onde vão. E começo a me questionar, sobre mil coisas sobre todos eles. Fico atonita. Agoniada. Como será que se chamam? Um dia, será que vou conhece-las? Terei eu coragem de lhes dirigir ao menos uma palavra? Perguntar tudo o que me vem a cabeça? Quem são realmente eles? Será que eles sabem?

Depois de algum tempo me acalmo subitamente. Me vem então a cabeça perguntas ainda piores. E eu começo a me observar. Olho meus sapatos, velhos, sujos. Minhas roupas, não muito bonitas e tristes. Me olho no espelho, um rosto cansado. Meu cabelo revoltado. E começo a me perguntar se eu sei quem eu sou. Se sei para onde vou, e de onde vim. E finjo, muitas vezes, não me conhecer. Eu desejo desaparecer na maior parte do tempo. Por isso, talvez, eu queira tanto saber mais sobre os outros e menos de mim.

Quando paro e reflito vejo que pouco sei quem sou. Na verdade, não sei nada. E me canso rapidamente de tentar conhecer-me. Passo a desejar que os outros me descubram. Então volto a olhar pela janela. Fico a observar. (24/11/09)

Um comentário: